A intolerância está sendo um grave problema, quase uma comoção social, diria uma epidemia. No momento em que todos têm razão em seus posicionamentos, em que não se admite axiomas contrários, politicamente parece não existir esquerda ou direita, mas extremistas, cada um com suas razões radicalmente impostas.
Há uma preocupação específica em tirar a razão do outro, e só isso. Tenho posicionamento firme contrário ao deputado federal Jair Bolsonaro, tenho aversão ao que ele defende, como a desigualdade salarial entre homens e mulheres, contrário ao casamento gay, favorável ao porte de arma à população, dentre outros. Não posso admitir e concordar que mulheres ganhem menos que homens, que as pessoas não tenham liberdade para se unirem com quem quer que seja, do mesmo sexo ou não, já que isso não interfere em nada na minha vida, assim como armar a população não é a solução para a criminalidade, assim como a pena de morte aos delinquentes também não o é (assunto para outro artigo). Agora, tenho que respeitar posicionamento contrário, posso debater, argumentar, mas sem violência, com argumentos, não com gritos, mesmo que sejam virtuais.
Entretanto, parece que basta uma manifestação contrária ao que pensa outrem para que as ofensas sejam generalizadas. Esse comportamento epidêmico social leva para onde? E as redes sociais estão infladas de manifestações desse tipo. Acho que essa violência virtual causa uma inútil canseira mental, não leva a nada, não produz nada e fomenta uma selvageria, ainda que, na maioria das vezes, virtual.
A ignorância e o extremismo, os quais andam irmãmente, são distorções comportamentais, das piores, de homens e mulheres. Semana passada morreu a vereadora Marielle Franco, uma ativista de direitos humanos, executada, tentaram calar a voz de uma mulher que defendia as minorias, grupos vulneráveis; a voz dela está ainda mais alta, estamos a ouvi-la mundialmente depois de sua morte. Entretanto, várias postagens, vídeos e fotos fakes explodiram em relação a ela, inclusive fotos com ela beijando a companheira, como se isso fosse atestado de que ela não merecesse tanto alarde por sua morte.
E todos contra os direitos humanos e quem "defende direitos humanos é a favor de bandido". Espera aí, eu sou policial há quase 18 anos, e no meu trabalho sempre respeitei os direitos humanos de todos. Fiz concurso para pelegada de polícia, sempre vou respeitar os direitos humanos de todos e todas, faço meu trabalho da melhor maneira possível, com um inquérito bem feito, sendo que muito deles já renderam altos anos de condenação a autores de crimes. Sou policial, minha empatia e toda consideração é com a vítima e pensando nela que trabalho, mas ser contra o respeito dos direitos humanos é ser contra o meu próprio direito, simples assim.